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Barriga da Baleia

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Ficha técnica

12.51

* O preço final inclui 10% de desconto do editor (válido até 31/12/2023).

Sari tem quatro anos e uns pais que gostam muito de dormir. Certa manhã, cansada de esperar que eles acordassem, decidiu partir com o seu amigo Azur numa aventura de barco para a terra-onde-nunca-ninguém-se-aborrece. De repente, uma grande onda lançou-a para dentro da boca de uma baleia. O que irá Sari encontrar dentro da barriga da baleia? Será que vai conseguir sair daquele lugar escuro?

António Jorge Gonçalves chama a este conto «uma epopeia marítima para crianças de todas as idades». A história, feita de descobertas e curiosidades, amizade e cumplicidade, nasceu para subir ao palco. A peça homónima estreou-se em 2012, no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Um ano depois, por ocasião da reposição do espectáculo, o Pato Lógico publicou uma edição especial limitada e numerada e, em 2014, saiu a primeira edição de Barriga da Baleia.

António Jorge Gonçalves é também autor de Eu Quero a Minha Cabeça! e Estás tão Crescida. Para o Pato Lógico, ilustrou também Salgueiro Maia. O Homem do Tanque da Liberdade, escrito por José Jorge Letria, e Fernão de Magalhães. O Homem Que se Transformou em Planeta, com texto de Luís Almeida Martins.

Barriga da Baleia por António Jorge Gonçalves

«O meu interesse pelas obras para a infância surgiu tarde na minha vida, e apenas por causa do nascimento da minha filha Miranda. Com ela descobri a ligação intuitiva que as crianças pequenas têm com a natureza, e a elevada literacia visual que possuem porque ainda não foram contagiadas pela obsessão da leitura das palavras.

Comecei por contar estas histórias à minha filha Miranda. Com ela e as suas amigas aprendi uma outra maneira de olhar para o mundo. Elas estudaram numa escola Waldorf, com a natureza sempre por perto, aprendendo a trabalhar uma horta e a subir às árvores. Foi nessa vivência que me inspirei, dando a estas aventuras um tom intemporal e universal, sem referências étnicas ou geográficas.

A narração faz-se de forma cúmplice entre texto e imagem, privilegiando o poder evocativo dos desenhos, porque nas crianças pequenas a literacia visual é mais importante que a textual. Ao procurar encontrar uma voz narrativa para estes livros, dei comigo a pensar como a leitura de aventuras — as demandas na busca de resolução de crises — é cativante e nos ajuda a perceber o mundo, experimentando emoções e riscos na segurança dos nossos ninhos.

Quis que as personagens centrais fossem meninas, não só por causa de a Miranda ser rapariga, mas também porque sempre admirei essa característica na obra de Miyazaki: superar o cliché de género, em que os rapazes são corajosos e as raparigas delicadas.

Houve dois livros que me deram óptimas perspectivas para encontrar o tom de epopeia clássica situada na natureza: The Hero of the Thousand Faces, de Joseph Campbell, e Psicanálise dos Contos de Fadas, de Bruno Bettelheim.

Na realidade, Barriga da Baleia e Eu Quero a Minha Cabeça começaram por ser peças de teatro que fiz com um retroprojector de transparências e a actriz Ana Brandão, e só depois álbuns ilustrados. Assim, o modo de narrar seguiu a ordem evolutiva das primeiras histórias da humanidade: primeiro, foram contadas por alguém; depois, encenadas em rituais e só mais tarde transformadas em livros.

O tema do grande peixe que engole o herói existe em várias culturas (Pinóquio, livro bíblico de Job, por exemplo). É o confronto com o nosso interior mais solitário, e um tema que me acompanhou muitos anos, inspirando vários trabalhos.

Quando a minha filha Miranda estava para nascer, pintei as paredes do quarto dela com uma grande baleia que cuspia uma menina: não foi uma ideia prévia, mas qualquer coisa que aconteceu de improviso enquanto pintava. Mais tarde, quando ela tinha uns 3 anos, comecei a inventar como história-da-hora-de-deitar a aventura de uma menina chamada Sari. Foi aí que a narrativa do livro começou. A história foi-se completando com as várias noites em que foi contada, e, quando fui convidado pelo Teatro Maria Matos para criar o meu primeiro espectáculo para a infância, ocorreu-me partir desta história.

Tudo começa com uma contrariedade — os pais que não acordam (entretidos na sua intimidade?) e a menina que quer fazer coisas. Esta crise funciona como impulsionadora da autonomia da menina (veste-se sozinha, toma o pequeno-almoço sozinha…), que também comporta riscos (sai para a rua sozinha…). São conteúdos que guardei da minha observação e convívio com a Miranda. O impulso da autonomia pode ser muito gratificante para uma criança de 4 anos.

Sari faz-se ao mundo, e encontra parceiro de brincadeira e emancipação em Azur, o rapaz que constrói um barco para levar a autonomia ainda mais longe, até à terra-onde-nunca-ninguém-se-aborrece (quem não quer encontrar esse sítio?). Mas isso já comporta riscos bem maiores que o naufrágio simboliza (qual asas de Ícaro queimadas ao voar perto do sol). É o enfrentar desses riscos que leva Sari para dentro da barriga da baleia, na solidão do seu âmago e dos seus esqueletos no armário (os bichos que a querem comer, o velho contabilista).

Azur é solidário, quer ajudá-la, mas resolve a situação de forma cerebral, industriosa, com uma boa ideia, é certo, mas que é devastadora para o mundo (a seca). Sari terá de ajudar com o seu lado emotivo, para voltar a trazer equilíbrio à situação (as lágrimas do mar). São dois modelos de acção complementares na ecologia das emoções. De um ponto de vista autobiográfico, encaro esta história como uma metáfora sobre as relações.

Do ponto de vista gráfico, a escolha das silhuetas planas tem a ver com a linguagem que usei na peça de teatro de sombras no retroprojector. Agrada-me também que as personagens se tornem universais por não existirem características físicas de um tipo específico. O livro foi todo desenhado à mão, sendo esses desenhos editados e coloridos no computador.»

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12.51

* O preço final inclui 10% de desconto do editor (válido até 31/12/2023).

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