Alice Vieira é a decana da literatura juvenil portuguesa. Formou várias gerações de leitores desde 1979, quando venceu o Prémio do Ano Internacional da Criança com Rosa, Minha Irmã Rosa. Esta história, nascida no contexto familiar, muda completamente o seu percurso. A formação de jornalista, porém, tingiu e continua a tingir a sua escrita de diversas formas. Na sua sala, as memórias físicas da máquina de escrever ou da mesa onde escreveu o primeiro livro com os filhos vão-se encaixando no espaço, entre livros, estantes, fotografias — e a sua voz. Alice Vieira narra com o entusiasmo da jornalista que descobre um acontecimento; faz da vida e dos livros uma antologia de episódios insólitos, catárticos, críticos, cómicos, de resistência. Quando já se cumpriram quarenta anos de escrita literária (porque a escrita jornalística é muito anterior), Alice ainda sabe par cœur onde se inspirou para cada uma das suas novelas juvenis, quem eram as pessoas reais que compunham quadros vivos dos dramas mais ou menos quotidianos, que locais transpôs para o papel. Sabe-o par cœur: sabe-o do coração.
Andreia Brites ouviu e registou o testemunho de uma vida dedicada à escrita, a que se juntam depoimentos de pares e amigos.
Colecção História Natural do Livro
São as pessoas que dão forma e sentido aos livros. Para que os livros aconteçam, é preciso um pequeno universo: quem os escreva, quem os desenhe e pagine, quem os ilustre, quem os edite, quem os imprima, quem os divulgue e venda, quem os leia e até quem os critique. Um bom livro – e, ainda mais, um livro excecional –, no momento em que é lido, pode parecer um fenómeno dependente de probabilidades raras, se não únicas, para a concretização de uma harmonia plena, mas será sempre o resultado de uma cadeia intrincada de influências e dívidas mútuas, o produto de um ecossistema sem início ou fim, que se rege por afinidades. A colecção História Natural do Livro propõe, em cada título, a descoberta de uma voz que nos envolve a todos.