Como Criar Uma Biblioteca, nas palavras de Inês Fonseca Santos

«Cresci entre bibliotecas, a da escola, a do lugar onde vivia e a das muitas casas que habitava: a da minha mãe, a do meu pai e a dos meus avós. Os livros estiveram sempre ao meu alcance e tive a liberdade de escolher o que ler quando e onde queria. Ninguém me controlava porque a política, lá em casa (lá nas casas), era a da descoberta e do estímulo da imaginação. Talvez tenha lido alguns livros no momento errado, mas a alegria do reencontro com uma história implica atravessá-la com novas ferramentas e novos conhecimentos.

Inspirada em tudo isto, escrevi Como Criar uma Biblioteca, num exercício de contaminação de um vício que o André Letria e eu partilhamos. Acertámos e discutimos aspectos típicos dos que amam bibliotecas. E essa talvez tenha sido a maior alegria na composição deste livro. Não se trata apenas de acumular livros; trata-se de sonhar com a possibilidade de imaginar que um dia vamos conseguir ler todos aqueles que compõem as nossas bibliotecas. Porque, como dizia o sábio Manuel António Pina, os livros também são para ter. Sobretudo agora, em tempos pobres em imaginação e pensamentos. Há que encontrar o tesouro.»