Fazer a mala e partir pode ser um desafio. Sobretudo para quem parte por necessidade, como acontece com o homem que protagoniza Mudar, de Ana Ventura, uma narrativa visual sobre o que se perde e o que se pode ganhar quando a única solução é rumar ao desconhecido.
Nos caminhos percorridos neste livro, as cores funcionam como códigos: são símbolos que situam personagens e lhes conferem identidade. Quando tudo enfim se contamina, está garantida a partilha, está conquistado um novo lugar: uma casa tem sempre de ser construída.
Mudar por Ana Ventura
«Mudar coincide com a minha experiência pessoal de sair de Portugal e ir para a Bélgica. A ideia para a história surgiu quando, numa tarde de Outono, ao atravessar o parque da cidade em Antuérpia, apanhei uma folha do chão. Pensei: «Está a mudar de cor, está a adaptar-se a uma nova realidade.» Para representar esta mudança, recorri à utilização de duas cores, o amarelo e o azul.
Mudar fala de alguém que, por qualquer razão, decide partir, ir para um território desconhecido à procura de uma vida melhor. Sair da zona de conforto, escolher o que levar, o que deixar, as incertezas, o entusiasmo da aventura, a reacção dos que ficam e dos que nos recebem são coisas que fazem parte dum processo complexo de adaptação.
Este livro é uma metáfora sobre os dias de hoje, em que todos nós, seja pela aventura, pelo trabalho, pela religião, pela guerra, por amor, pela família, pela curiosidade, viajamos, circulamos, mudamos e nos misturamos pelo mundo fora. As ilustrações foram inspiradas em locais, casas, lojas, plantas, amigos e familiares que vou conhecendo.»
A colecção Imagens Que Contam surgiu em 2013 como um espaço de liberdade criativa para artistas visuais, em que cada convidado é desafiado a imaginar uma narrativa contada exclusivamente através de imagens. No seu conjunto, a colecção conta com dois primeiros prémios e três menções especiais do Prémio Nacional de Ilustração.