
A 13 de Setembro de 1923, a Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, viu nascer uma menina a quem foi dado o nome de Natália. O que ninguém podia vaticinar é que esta criança, alimentada a poemas e lendas marinhas pelas mulheres da sua família, se tornaria uma das figuras mais importantes da cultura e da vida cívica portuguesa na segunda metade do século XX.
Neste livro, com texto de Maria João Martins e ilustrações de Catarina Alves, acompanhamos Natália Correia desde a mais tenra infância, na ilha de São Miguel, à sua consagração como autora nos círculos literários de Lisboa, ainda em ditadura, e depois em Democracia. Vemo-la lutar pelos direitos nas mulheres, na rua e também no Parlamento, bem como pelo acesso dos cidadãos à Cultura, causas a que chamaria suas até ao final da vida, em Março de 1993.
A colecção Grandes Vidas Portuguesas nasceu em 2014 de uma parceria entre o Pato Lógico e a Imprensa Nacional. É dedicada às vidas de personalidades que se destacaram em vários domínios da História de Portugal.


Natália Correia. Entre o Riso e a Paixão por Maria João Martins
«Habituei-me, desde tenra idade, a admirar Natália Correia. Muito antes de lhe conhecer a variedade e profundidade da obra literária, vi-a na televisão, maior do que a vida, com poses de estrela do cinema clássico, a reivindicar mais liberdade e mais audácia para a sociedade portuguesa, em particular para as mulheres, durante tanto tempo confinadas à estrita esfera doméstica.
Quando me foi feito o convite para escrever este Natália Correia. Entre o Riso e a Paixão, não hesitei, sentindo embora o peso da responsabilidade e do desafio. Como é que se explica a um público jovem, já nascido e criado em Democracia, a dimensão das lutas travadas por Natália, não apenas nas questões políticas, mas sobretudo nas dos costumes? Deixei que acontecesse, selecionando, com dificuldade, é certo, os momentos mais marcantes de uma vida não muito longa, mas muito cheia de acontecimentos pessoais mundiais e pessoais. No fundo, procurei transmitir ao leitor o fulgor pessoal e literário que eu ainda conheci, embora fugazmente, quando o jornal em que eu trabalhava era vizinho de Natália.»

